domingo, 17 de abril de 2011

Salão de Feiúra


"Rugieri,Gustavo A mancha da beleza"

        A porta era de vidro, resquícios de pingos de chuva ainda estavam ali.Tento abri-la uma vez. Trancada. Uma velha de sorriso antipático sorri pra mim enquanto abre a porta.É um sorriso de ruminante, de quem  masca fumo .Me pergunto  o porquê de ter escolhido aquela porta, aquele preço.Talvez tenham sido as caras pouco convidativas dos outros por onde passei.Nessa não havia nenhuma cara, apenas a porta com os pingos de chuva.Entro e olho ao redor, os frascos multicoloridos  me dão um sentimento de  desamparo.Parecem tão próximas que posso tocar com a ponta dos meus dedos.Uma moça com cara de porco me olha com ar de superioridade, enquanto  seus cabelos de porco estão sendo escovados.As escovas ainda são feitas de pêlo de porco? O range-range das serras, são tantas cutículas!Carnes mortas em partes vivas, partes vivas em mortas carnes. Só resta sentar na cadeira de tortura, e iniciar  a sinfonia de esgares.