"Rugieri,Gustavo A mancha da beleza" |
A porta era de vidro, resquícios de pingos de chuva ainda estavam ali.Tento abri-la uma vez. Trancada. Uma velha de sorriso antipático sorri pra mim enquanto abre a porta.É um sorriso de ruminante, de quem masca fumo .Me pergunto o porquê de ter escolhido aquela porta, aquele preço.Talvez tenham sido as caras pouco convidativas dos outros por onde passei.Nessa não havia nenhuma cara, apenas a porta com os pingos de chuva.Entro e olho ao redor, os frascos multicoloridos me dão um sentimento de desamparo.Parecem tão próximas que posso tocar com a ponta dos meus dedos.Uma moça com cara de porco me olha com ar de superioridade, enquanto seus cabelos de porco estão sendo escovados.As escovas ainda são feitas de pêlo de porco? O range-range das serras, são tantas cutículas!Carnes mortas em partes vivas, partes vivas em mortas carnes. Só resta sentar na cadeira de tortura, e iniciar a sinfonia de esgares.